
Telediagnóstico de eletrocardiogramas em Florianópolis
Florianópolis está inserida no Sistema de Telemedicina e Telessaúde (STT) para telediagnóstico de eletrocardiogramas (ECG) há quatro meses, foram realizados cerca de 4800 exames e cardiologistas percebem a redução no tempo de emissão de laudos. O cardiologista da rede municipal, Chris de Brida, estima que o tempo para laudar eletrocardiogramas diminuiu: antes, os cinco médicos da rede municipal, levavam entre 7 e 15 dias para emitir o laudo de um exame, com a adesão ao sistema, esse tempo diminuiu para uma média de 3 a 5 dias no máximo. “Agilizou principalmente para o paciente, mas para nós médicos também foi muito bom”, afirma Brida.
Os cardiologistas de Florianópolis começaram a laudar pelo Sistema de Telemedicina e Telessaúde (STT) no final do mês de dezembro, após uma reunião na qual coordenadores da Telemedicina apresentaram resultados obtidos com a teledermatologia na cidade. Florianópolis havia aderido ao telediagnóstico para exames dermatológicos meses antes. A tele-eletrocardiografia foi adotada pelo município efetivamente em janeiro de 2016 e os cardiologistas da cidade decidiram que continuariam laudando os exames da cidade, formando uma espécie de rede interna no sistema, conforme ressalta Brida.
Facilidade, rapidez para laudar, tanto para entrega do laudo quanto para nós mesmos que não precisamos ficar escrevendo, facilidade de mexer no sistema, economia de papel, legibilidade, ausência de perda e extravio de exames e o registro dos exames no sistema por um longo tempo que também possibilita fazer um comparativos dos ECGs de um mesmo paciente.
Cardiologista Chris de Brida
Uma das diferenças em relação a antes da adesão do município ao Sistema de Telemedicina e Telessaúde é a fila única de pacientes de Florianópolis que necessitam do laudo dos eletrocardiogramas. Antes de janeiro de 2016, a fila de pacientes era de acordo com as regiões das policlínicas, Norte, Sul, Centro e Continente, pois cada cardiologista laudava os exames da sua região. Brida compara a diferença com este exemplo: “se um cardiologista de determinada policlínica estava de férias, os exames daquela unidade precisavam ser transportados para outra policlínica, o que demandava mais tempo para serem laudados”. Desde a inserção ao STT é uma única fila para todos os pacientes de Florianópolis, sendo assim, os cinco cardiologistas que compõe a rede municipal emitem os laudos seguindo esta fila (por ordem de inserção do exame no sistema), independentemente da região da cidade em que o ECG foi realizado, acelerando o processo e evitando a necessidade de transportar exames ou que a fila de determinada região fique parada.
Para o cardiologista Chris de Brida, outra facilidade é a linguagem utilizada no sistema para a realização dos laudos. Isto acontece porque a Telemedicina segue as normas técnicas da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o que resulta numa padronização da linguagem utilizada para a emissão dos laudos, otimizando, principalmente, o entendimento do médico que não é especialista em cardiologia e que precisa compreender este exame. Brida também comenta que a emissão de laudos a partir de um sistema online aumenta a legibilidade do laudo, também contribuindo para o melhor entendimento do médico solicitante e do próprio paciente, que, com o número do protocolo, tem acesso ao exame através do portal do STT.
Com o Sistema de Telemedicina e Telessaúde, Brida também aponta que não há mais possibilidade de perca/extravio de exames. “Ás vezes o paciente perdia em casa e nós tínhamos que refazer o exame, porque, às vezes, o próprio software, se o exame fosse muito antigo, não tinha backup e o exame acabava se perdendo e tendo que fazer de novo. Ou às vezes tinha o backup no aparelho de eletrocardiograma, antes de ser inserido no sistema, mas tinha que fazer o laudo tudo de novo. Então isso abreviou o tempo, facilitou. Evitou a perda de exames, porque o exame vai ficar ali registrado por um longo tempo no sistema.” O STT armazena todos os exames no Centro de Informática e Automação de Santa Catarina (CIASC), o que possibilita além do armazenamento, maior segurança a estes exames.
Por ser um sistema online, Brida destaca que o STT é ecologicamente correto, pois elimina a necessidade de impressão dos exames. “Com uma média de 1200 ECGs por mês e duas folhas por exame, são 2400 papéis a cada mês, sem contar as segundas-vias ou exames perdidos”, comenta Brida. No entanto, em relação à adaptação dos pacientes a este sistema online, Brida acredita que pode levar um tempo até que todos se habituem a não ter um exame impresso em mãos: “Até então eles sempre que precisavam fazer um eletrocardiograma eles faziam com a gente, então eles estavam sempre acostumados a pegar um resultado no papel, então acho que daqui para frente eles vão assimilar melhor. Já para os médicos da rede está sendo bem positivo, já recebi elogios que o exame fica bem fácil de ver, de entender o laudo.”
Em relação à ajustes na tele-eletrocardiografia, Brida comenta que há uma proposta dos cardiologistas fazerem uma atualização dos descritores no STT, que está relacionado à linguagem técnica utilizada para laudar. De acordo com ele, um grupo de trabalho dos cardiologistas irá realizar uma revisão destes descritores, revisões técnicas e textuais com relação aos laudos, buscando uma facilidade. Eles pretendem agregar outras informações pertinentes, ou caixas de textos, para explicar termos técnicos que às vezes um médico clínico pode não compreender. O objetivo é facilitar o entendimento do laudo por parte de outros médicos. “Foi uma coisa que a gente notou na rede, se fazemos um laudo muito técnico, de cardiologista mesmo, um médico não-cardiologista acaba encaminhando para gente e às vezes acaba nem sendo um problema de coração, e gasta uma consulta com cardiologista quando não precisaria se a gente tivesse um tempo hábil de explicar aquela ‘alteração’, que na verdade não era bem uma alteração”, esclarece. Ele acredita que até o fim do ano será elaborado um documento com essas revisões.